terça-feira, 9 de agosto de 2016

Sobre Um Diálogo Infeliz

"... Foi com o olhar fixo no nada que ele me disse:

- Nos abraçamos a bigorna e nos lançamos no abismo.

E, ainda assim, não tive coragem de deixá-lo. Realmente estou em queda livre..." 



Medrosamente,
Keila Freitas

Sobre o Final

"Cansei. E aquela lágrima fôra a gota d'água do meu oceano."

Exaustivamente, Keila Freitas.





sexta-feira, 27 de março de 2015

Sobre meu primeiro conto...


Galhos Secos

Ela acordara disposta a grandes mudanças e, decidira isso, logo após abrir a janela do seu quarto e vislumbrar seu jardim tomado apenas por galhos secos e folhas caídas. Era notoriamente triste o seu jardim e estava sem vida tanto quanto ela.
Contudo, a única dúvida que pairava na terra, no ar e no infinito de suas ansiedades era por onde começar... Ela andava tão só nos últimos anos que não percebera que o prazo de validade do espelho preso a parede de seu quarto há muito já havia vencido.
Talvez se colocasse os óculos, ou se concentrasse o suficiente, poderia se ver novamente; poderia ver como era, como mudara, como desaparecera de si mesma. Talvez pudesse imaginar-criar-sonhar o futuro. Uma nova mulher. Reciclada ou recriada por dentro e por fora.
Em vão. A imagem nua a sua frente tinha ossos demais, pele corada de menos, olheiras a mais, postura de menos. Estava tão curvada quanto os galhos retorcidos vistos há pouco. Sem vida como as folhas secas – até seu cabelo parecia um ninho já abandonado e emaranhado no alto de sua cabeça. Era uma imagem desbotada, desnutrida, descabelada, destruída pelo descuido, pelo tempo, pela tristeza, pela solidão.
Naquele exato momento, sentiu um arrepio forte por cada caminho do seu corpo. Sentiu ojeriza de seu decadente estado e, o que poderia e deveria incentivá-la a sair da escuridão que se metera, só a arrastou, em mais uma tarde de folga, para debaixo das cobertas. Era melhor dormir. Era melhor esquecer. Amanhã, infelizmente, seria outro dia...
Manhã nublada de uma vida nublada e a necessidade de retornar ao trabalho. Trabalhar como atendente de telemarketing receptivo em uma empresa de telefonia não era nada animador. Regras, metas e cordialidade. Informações, reclamações e xingamentos. Desgastantemente necessário à sua sobrevivência – Que acabe logo!
Fim do dia, finalmente, e, no caminho para casa, após um dia exaustivo de labuta, pôs-se a recordar de seu jardim. Não era grande mas já fôra belo. Já teve a graciosidade dos raios solares em uma manhã de outono. Agora, tudo era inverno. Tudo perdera a cor e o encantamento. E, junto com a nova estação já não havia mais o desejo de “jardinar” aquele cantinho de terra. E a vida secou bem diante de seus olhos.
Aquilo era demasiadamente individualista – concluíra com seus botões do uniforme de trabalho. Ela condenara seu jardim a mesma infelicidade que ela. Era egoísmo deixar, bem diante de seus olhos amarelados, o pequeno jardim sucumbir e desaparecer estação após estação.
Aquele caminho para casa nunca fôra tão curto para seus pensamentos tão longos, e, assim, quase perdera o caminho que devia descer. Na verdade, teve que descer um ponto depois – uma pequena contramão para chegar em casa. Duas ruas a direita, uma a esquerda e outra ainda a direita e estava na rua de casa. Era uma rua antiga, de hábitos antigos, casas tão somente antigas mas que conservavam a beleza e o peso de suas histórias.
Ela queria ser como aquela rua: ter histórias! Não tinha. Bem, tinha. Mas nada era empolgante como uma história de amor ou um conto policial. Era a história de uma vida em preto e branco. Cinema mudo. Do tipo que você se pergunta se realmente chegou ao fim ou aquela era apenas um capítulo solto no tempo.
A casa estava às escuras. Demorou a encontrar as chaves na bolsa e, quando finalmente as encontrou, elas foram ao chão. Ao apanhá-las assustou-se com a presença do gato do vizinho. Era um gato preto muito bonito – e gatos pretos não lhe davam medo do azar. Pra falar a verdade, o gato que deveria temer a falta de sorte da sua vizinha...
Abriu a porta, jogou a bolsa de lado e tratou de ir direto para o banho. Precisava tirar de si o peso e a sujeira pensamentos tão negativos. Quem sabe ela não teria a sorte de vê-los ir ralo abaixo? Sorte. Que sorte?
Uma camiseta velha era o suficiente para se sentir confortável e foi isso que escolhera para vestir seu corpo magro. Uma olhada rápida do espelho. Um “coque” alto depois de um “rabo de cavalo”. Pronta – mas pronta para o que? Desde a manhã do dia anterior  - dia de sua folga- ela se fazia várias perguntas. Eram tantos “por quês”, um bocado de “pra que”, um pouco mais de “como” e uma infinidade de perguntas retóricas. Ela sabia algumas respostas - talvez não soubesse por onde começar. Ela estava em crise não só com ela mas também com o mundo à sua volta. Ou era o mundo contra ela? Ou era apenas o mundo? Ela não sabia. Mas eram mais perguntas e isso implicaria na necessidade de mais respostas...
Uma xícara de café seria perfeita para ajudar a pensar. Mas, sem o pó para o café, teve que recorrer  ao velho e também amado chá. Pois bem, água na chaleira, sachê de camomila escolhido e pouco tempo depois um aroma de paz tomou conta dos cômodos de sua casa. Aquilo a fizera lembrar da pequena horta que a casa alugada lhe proporcionara. Eram hortaliças e um delicado jardim medicinal - com suas pequenas mudas de erva-doce, capim-cidreira, camomila, boldo... Sua pequena horta era o melhor de sua pequena casa. Era seu local preferido dentro e fora de si. Logo, a horta virou um grande jardim e, tempos depois – por amarguras e ervas daninhas em sua alma -  seu jardim virou um deserto de vida.
Lembrou-se mais uma vez do dia anterior e o que vira da janela de seu quarto. E também o que vira de si mesma. E, naquele momento, apesar de todas as dúvidas e medos e inseguranças, sabia por onde e deveria começar: pelo seu jardim. 
Vestiu uma bermuda jeans velha. Revirou um armário no fim do corredor e encontrou lá o que seria preciso para começar  - e seria mesmo apenas um começo. Dar vida a seu jardim necessitaria mais que uma pá, suas galochas cor-de-rosa e outras ferramentas. Ela precisaria de suas mãos, seu tempo e sua dedicação. Ela precisava ter vida para dar vida ao coração de sua casa. Tinha consciência que seria intensamente doloroso e cansativo retirar cada galho seco e retorcido, mas, era preciso para poder finalmente começar e recomeçar e talvez fraquejar e tentar mais uma vez...
Tomou, então, um gole do seu chá de camomila; tomou também um gole de fôlego e coragem e abriu a porta da casa... Chega de ver a vida morrer pela janela de seu quarto.

Melancolicamente,
Keila Freitas

sábado, 2 de agosto de 2014

Sobre Amar o Próximo

Sempre tive vergonha da minha mesquinharia. Mas, hoje, ela pareceu-me mais afiada e cortante. Acredita que, ao doar um pouco de mim, recebi em dobro? A verdade é que foi semeando um pouco de benevolência que recebi misericórdia. E eu, que tinha mais a oferecer que o outro, fui preenchida de paz gratuitamente.

Compadecidamente,
Keila Freitas

*Um vestido usado  cor de chumbo, uma sapatilha e uma bolsa que já não usava há tempos foram o suficiente para fazer alguém feliz: EU. Ela, que recebeu essas coisas, não sabe o bem que me fez... Obrigada.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Amarelo com Azul




"Resolvi colorir a vida:
Verde-bandeira, verde-água, musgo, esmeralda... 
Pois, afinal de contas, 
um pouco de esperança,
não faz mal a uma só alma."

Olivamente,
Keila Freitas

Uma Dose de Ogra, Por Favor!

"Não sou de textos extenuantes, frases compridas ou palavras que necessitam de dicionários. Menos pra mim, na maioria das vezes, é mais.
 A primeira prova da minha bebida favorita sempre será melhor saboreada que todo o restante. E, para degustar um pouco de mim, deve-se contentar com um pouco extemporâneo ou tentar tomar tudo num gole só."

Sequiosamente,
Keila Freitas

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Entre a Dor e o Amor



CALE-SE, CORAÇÃO!

Que tal parar de sofrer?!
Chega de gritar suas dores mal curadas.
Chega de sangrar seus medos não cicatrizados.
Que tal parar de amar?!

CALE-SE, CORAÇÃO...

Silenciosamente,
Keila Freitas